06 de Janeiro, 2016
Vacina contra dengue: esclarecendo dúvidas
Acaba de ser liberada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no Brasil, uma vacina contra o vírus da dengue, produzida por um importante laboratório francês, o Sanofi Pasteur. O nome da vacina é Dengvaxia.
Há muitas questões para serem respondidas pelos especialistas, como por exemplo: o SUS deve comprar esta vacina e fazer uma campanha de vacinação em massa?
Muitas outras dúvidas entre todos. Vamos esclarecer as mais frequentes.
Quem pode e quem não pode tomar esta vacina?
A vacina está indicada para pessoas entre 9 e 45 anos de idade. Fora desta faixa etária, os estudos demonstram que sua eficácia é baixa e, portanto, não está indicada. Está contraindicada em gestantes e em pessoas com a imunidade comprometida.
Esta vacina garante uma boa proteção contra a dengue?
Este é um dos problemas. Esta vacina tem uma eficácia que não é considerada muito alta. Isso significa que ela garante aproximadamente 65,6% de proteção geral. Para se ter uma ideia, a vacina da febre amarela garante 90% de proteção e a do sarampo garante 98%.
Importante saber que o vírus da dengue tem 4 sorotipos. Como se fossem 4 “irmãos” de uma mesma família. A vacina protege contra os quatro. Só que contra o sorotipo 2, tem uma eficácia ainda mais baixa: de apenas 47,1%.
Então vale a pena tomar?
Aí é que está. Segundo o laboratório Sanofi, os estudos indicaram que a vacina tem a capacidade de proteger contra os casos mais graves de dengue. Por isso vale a pena. Vamos entender. Quem já teve dengue uma vez, pode pegar de novo. Por que? Porque há os 4 sorotipos do vírus. Quem já pegou dengue pelo número 1, por exemplo, ainda está vulnerável aos de número 2,3 ou 4. Só que quando se pega dengue pela segunda vez, é muito pior: a chance de desenvolver uma forma mais grave, como a dengue hemorrágica, por exemplo, é muito maior. Aí é que entra a vacina. Ela tem a capacidade de proteger as pessoas que já tiveram dengue das formas mais graves desta doença, que geralmente cursam com alta mortalidade.
Quantas doses são?
No total são 3 doses, com intervalo de 6 meses entre cada uma. Isso significa que a proteção total só se conquista depois de aproximadamente 1 ano. Mas importante saber que depois da primeira dose um certo nível de proteção já se inicia.
A vacina está indicada apenas para pessoas de 9 a 45 anos. Crianças pequenas e idosos ficarão de fora. Eles então não serão beneficiados?
Diretamente não. Indiretamente, sim. Vamos entender. Para o mosquito contaminar alguém precisa primeiro picar uma pessoa que já está contaminada, isto é, que está com vírus no sangue. O vírus então entra no mosquito. Na próxima picada é que é injetado no sangue da outra pessoa susceptível e a contamina. A vacina diminui o número de indivíduos contaminados de 9 a 45 anos. Portanto, os mosquitos continuam picando as pessoas, só que não há mais vírus nelas. Resultado: indiretamente todos ficamos protegidos. Menos vírus circulando na população, menos chance de todos nós, de todas as idades, pegarmos dengue.
A vacina será distribuída gratuitamente pelo SUS?
As autoridades estão discutindo o custo e o benefício de incluir a vacina no calendário nacional de imunização e de fazermos campanhas de vacina em massa, se for o caso. Não é uma decisão fácil, pois a vacina é cara: cerca de R$ 80,00 a dose.
Esta é a única vacina que existe no mundo contra a dengue?
Não. Aqui no Brasil o Instituto Butantan está desenvolvendo uma outra vacina e já está em fase final de estudo. Vamos aguardar para entender sua eficácia e custo.
A vacina protege do Zika e Chicungunya?
NÃO! Esta vacina só tem eficácia contra o vírus da dengue. Por isso, todos os cuidados para erradicar este mosquito letal devem ser mantidos.
Esta vacina não é excelente, mas é o que temos hoje e que pode evitar casos graves e/ou hospitalizações por dengue.
Eliminar o Aedes dos céus brasileiros ainda continua sendo uma meta (não impossível, quero crer) para este ano de 2016 que acaba de começar!
Fonte: www.g1.globo.com/bemestar